Sunday, February 18, 2007

As contas do ministro

Ao que consta, os cidadãos de Valença cortaram hoje uma estrada de acesso a Espanha, em protesto pelo encerramento, pelo Ministério da Saúde, das urgências que serviam a cidade.
Mais uma pedrada no charco, ou talvez devesse dizer pantâno, que é a organização da rede de cuidados de saúde em Portugal.
É certo que o SNS é uma organização extremamente ineficiente do ponto de vista da alocação e distribuição dos recursos, permitindo-se, no meio de toda a confusão, gastar rios de dinheiro dos portugueses de ano para ano (e sempre a aumentar), para depois não conseguir dar resposta às necessidades das populações no seu dia a dia, cujo pior exemplo serão as listas de espera.
No entanto, não podemos ser totalmente injustos para com o sr. Ministro da Saúde. Não lhe podemos atribuir a culpa por pecados que cometeu, mas que ainda assim tem de assumir.
Podemos sim é exigir idoneidade, honestidade e seriedade aos nossos governantes.
Fechar serviços de urgência, para poupar dinheiro (para cumprir um Pacto que só nós somos forçados a cumprir, mas isso é uma história que ficará para futuros comentários), em todo o país, é um acto que tem tanto de loucura como de coragem, sobretudo num país como o nosso, por isso poderiamos dar o benefício da dúvida ao sr. Ministro da Saúde, e admitir que a reestruturação em curso poderá vir a beneficiar os cidadãos.
Agora, aquilo que não podemos admitir é a vergonhosa mentira de que, efectivamente, o SNS tem recursos humanos, financeiros e logísticos para suportar abortos a pedido.
Fechamos serviços que prestam os cuidados mais básicos e elementares aos cidadãos, em situações de extrema necessidade, por não haver dinheiro, mas, em obediência à costela marxista do governo, seu partido, e restante ala político-filosófica, já podemos ter a LATA de dizer que sim senhor, para o aborto a pedido já temos recursos.
Mas já sei o que o sr. Ministro da Saúde responderia. Os abortos a pedido vão ser mais baratos, porque encontrámos uma fórmula mágica para poupar dinheiro nesses actos: não dar consultas de aconselhamento prévio, pois assim não temos de pagar aos médicos e/ou psicólogos que iriam ajudar a mulher a decidir melhor.
Sic transit gloria mundi...