Os franceses andam deprimidos. Napoleão não calcorreia a seu bel prazer a Europa, De Gaulle não deixa cadeiras vazias, os seus políticos não são levados a sério. Os Renault e os Citröen são cada vez mais feios, os pólos artísticos mudaram-se para o outro lado do Atlântico e nem a nouvelle cuisine parece resistir aos fortes ataques da sushimania. A Edith Piaf faz tijolo e o Adamo já só toca na rádio nostalgia, para um conjunto de saudosos soixanthuitards atacados pelo reumático.A última facada no orgulho francês parece terá sido dada pela Chanceler alemã Angela Merkel, pela sua participação na Cimeira Franco-Africana, que está a decorrer em Cannes. É com pesar que os franceses vêm o seu estatuto em África ser engolido pelos interesses do gigante europeu. Doi-lhes que a União Europeia se instale numa coutada que foi, durante séculos, propriedade exclusiva sua.
Ainda que Chirac prefira falar de complementaridade entre a política dos Estados e da UE, e Girardin, Ministra da Cooperação prefira enaltecer o importante papel da França na Estratégia Europeia para aquele continente, a verdade é que quem vai realizar a Cimeira Europa-África vai ser Portugal. Aprendam connosco que nós não duramos para sempre.