
Publicidade começa a ser ensinada nas escolas portuguesas no início de 2008
"O programa "Media Smart" é um projecto de literacia em publicidade baseado no ensino extracurricular de temas e conceitos relacionados com a comunicação comercial e não comercial de marcas e entidades, tendo como grupo-alvo crianças entre os 6 e os 11 anos (1º e 2º ciclos). (...) Nesta fase final foi ainda constituído o Comité de Direcção, órgão que vai reunir todos os patrocinadores do "Media Smart" e que terá como objectivo assegurar a correcta implementação do projecto no terreno.
O director-geral do Grupo Nestlé, António Saraiva de Reffóios, foi o nome escolhido para a presidência do comité, que já conta com a presença assegurada de outros anunciantes como a Danone, o Modelo/Continente, a Diageo e a Kellogg`s, segundo Manuela Botelho."
O director-geral do Grupo Nestlé, António Saraiva de Reffóios, foi o nome escolhido para a presidência do comité, que já conta com a presença assegurada de outros anunciantes como a Danone, o Modelo/Continente, a Diageo e a Kellogg`s, segundo Manuela Botelho."
Desconheço o conteúdo dos módulos a leccionar às crianças durante estas aulas de "crítica publicitária". Acredito que possa ser uma mais valia para a sua formação pessoal e cívica. No entanto não deixa de ser curioso quem patrocina este programa. Depois do "sucesso" das máquinas de chocolates e refrigerantes nas escolas e numa sociedade onde os putos cada vez mais não sabem comer, espera-se que sejam as próprias empresas que os bombardeiam todos os dias com publicidade apelativa a produtos hipercalóricos, sejam elas a incutir-lhes espírito crítico na apreciação dos seus anúncios. Pode ser que funcione. Tenho as minhas reservas. Estamos a falar de miúdos da escola primária e eu nessa idade queria era coleccionar os cromos do Bolicao à sexta feira (dia em que tinha autorização para comer um!) e não reflectir sobre as mensagens subliminares dos anúncios ao Danoninho. Será colocar a "rapousa no galinheiro" como alguns fizeram questão de avisar? Não sei mas deixo para reflexão outros exemplos curiosos e no mínimo irónicos:
- As empresas petrolíferas são das maiores investidoras em protótipos e na investigação na área das energias renováveis, nomeadamente energia solar. Há quem diga que assim é para deliberadamente controlar o avanço das pesquisas e atrasar ad eternum a sua comercialização em massa.
- Quem é que vemos na televisão a fazer a apologia do baixo colesterol e das virtudes da boa alimentação: as marcas de manteiga, óleos e margarinas! "Controle o seu colesterol: coma da nossa MARGARINA! (não soa esquisito?) As empresas pagam estudos a laboratórios (por exemplo o Instituto de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Lisboa é um exemplo) para tentar provar que a sua manteiga faz baixar o colesterol... até pode baixar mas continuo a achar que o melhor era mesmo deixar de comer margarina!
O que seguirá? As empresas produtoras de açúcar refinado a investir na pesquisa de medicamentos para a diabetes? As pecuárias a fazer a apologia da soja?
p.s. - Curiosidade: sabiam que a marca das manteigas Becel, originária de Inglaterra em 1973, vem de "Blood Cholesterol Lowering"! As coisas que se aprendem no site da Becel....