Friday, February 16, 2007

A grande depressão francesa

Os franceses andam deprimidos. Napoleão não calcorreia a seu bel prazer a Europa, De Gaulle não deixa cadeiras vazias, os seus políticos não são levados a sério. Os Renault e os Citröen são cada vez mais feios, os pólos artísticos mudaram-se para o outro lado do Atlântico e nem a nouvelle cuisine parece resistir aos fortes ataques da sushimania. A Edith Piaf faz tijolo e o Adamo já só toca na rádio nostalgia, para um conjunto de saudosos soixanthuitards atacados pelo reumático.

A última facada no orgulho francês parece terá sido dada pela Chanceler alemã Angela Merkel, pela sua participação na Cimeira Franco-Africana, que está a decorrer em Cannes. É com pesar que os franceses vêm o seu estatuto em África ser engolido pelos interesses do gigante europeu. Doi-lhes que a União Europeia se instale numa coutada que foi, durante séculos, propriedade exclusiva sua.
Ainda que Chirac prefira falar de complementaridade entre a política dos Estados e da UE, e Girardin, Ministra da Cooperação prefira enaltecer o importante papel da França na Estratégia Europeia para aquele continente, a verdade é que quem vai realizar a Cimeira Europa-África vai ser Portugal. Aprendam connosco que nós não duramos para sempre.