Wednesday, April 25, 2007

Revolução e Evolução

O 25 de Abril já começa a cheirar mal. Naturalmente que é uma data importantíssima da História contemporânea de Portugal, mas o tempo de antena que dão ao filme da Maria de Medeiros, aos discursos quasi-castristas de políticos babados na Assembleia da República ou aos chatíssimos documentários do Fernando Rosas rebentam com a paciência de qualquer um. Receio que qualquer dia, o meu filho mais rapidamente reconheça o Salgueiro Maia em cima de uma Chaimite do que o Pai Natal montado no Trenó.

O aproveitamento político do 25 de Abril roça a indecência. Para o PCP, é o dia de glória anual, já que passa os outros 364 à procura de um rumo para uma ideologia que já está morta e enterrada há quase vinte anos. Para os outros partidos, é mais uma oportunidade de fazerem a política pequenina do enaltecimento dos valores revolucionários, sem qualquer conteúdo.

A música também já enjoa. "E depois do Adeus", "Grândola Vila Morena" e tantas outras passadas vezes sem conta nas rádios. Sorte a nossa que a Revolução não se deu em meados dos anos oitenta, caso contrário, a senha poderia muito bem ter sido o "Eu tenho dois amores" do Marco Paulo ou o "A Cabana junto à Praia" do José Cid. Imaginem o que seria passar os 25 de Abril todos a gramar com isto...

Está na hora de deixar de olhar para trás, e começar a olhar para a frente.
Antes que seja tarde demais.