Claramente vivemos num país de aparências e continuamos a cultivar essa tradição.
Agora a Entidade Reguladora da Saúde ("tacho" que ainda ninguém percebeu muito bem para que serve!) decidiu classificar os nossos hospitais segundo um sistema de estrelas semelhante ao aplicado nos hotéis por esse Mundo fora.
Segundo o Presidente da ERS esta medida "tem algumas vantagens". E eu pergunto quais?
Será que é importante para o utente da área de residência do Hospital de Beja saber que este tem duas estrelas e que, por acaso, o de Santiago do Cacém tem quatro? Não irá isto afunilar os doentes para determinados hospitais, sobrecarregando os serviços o que, consequentemente, irá originar uma diminuição da qualidade?
E quais são os critérios de avaliação? Serão os tamanhos dos quartos com a colocação de sofás para as visitas e a existência de um monitor pessoal com acesso a TV e Internet? Será a existência de jardins internos e confortáveis salas de espera num espaço amplo com chão em mármore? É que o engraçado é que já vi isto... no Hospital da Luz (recordo que é PRIVADO!).
Todos sabemos que um dos graves problemas no respeitante à qualidade dos serviços de saúde em Portugal é a falta de pessoal. Muitos serviços já estão no máximo das suas capacidades de funcionamento e, com o reordenamento realizado pelo nosso querido Ministro da Saúde no respeitante às áreas geográficas que um determinado hospital abrange, houve uma sobrecarga enorme no número de utentes (sem aumentos no respeitante ao pessoal médico ou de enfermagem!).
Antes de pensar na classificação, porque não proporcionar as condições para um serviço de qualidade? Com os cortes financeiros que têm sido feitos neste sector não será fácil chegar ao "Hilton" da Luz.
