Friday, February 16, 2007

A paz de espírito

Dúvidas não sobejam que a vergonha e a idoneidade, enquanto estados de alma e guias ético-morais, já não estão meramente em férias.

Estão de baixa prolongada por doença totalmente incapacitante para o trabalho (pudera, com os recentes surtos de viroses do tipo "Apitus Douradius", "Casus Pius", entre outras), tiraram licença sem vencimento de longa duração, ou simplesmente decidiram emigrar para pastagens mais verdes.

Sabemos hoje que o ilustre Vereador da Câmara Municipal de Lisboa decidiu manter-se em funções apesar de ter sido constituído como arguido num processo-crime que envolve tipos de ilícito referentes a actos de gestão municipal - ao que consta da comunicação social, peculato - (ainda que em empresas municipais e não na CML propriamente dita), afirmando estar de "consciência tranquila" e, por esse motivo, pode perfeitamente manter-se em funções, contando com o apoio do restante executivo da maioria a que pertence.

Pelos vistos, "estar de consciência tranquila" é fundamento bastante para afastar essas coisas chatas da ética, e também para que todos os que trabalham conosco nos legitimarem a permanecer em funções.
Muito deverá ser o desespero nas fileiras do executivo da CML, sobretudo quando o partido por cujas listas concorreram às eleições autárquicas se absteve de apoiar candidatos que estivessem acusados de quaisquer crimes.
Será este desespero fruto de uma necessidade de preservar a gestão da autarquia (e, por consequência, a confortável continuidade nas respectivas poltronas do poder, remunerados pelos nossos impostos), ou será causado por uma necessidade de manter outros factos debaixo do tapete?
Com a toda a acção que ultimamente tem decorrido nos paços do concelho, é de admirar como é que não se estão já a escrever livros ou preparar guiões para um futuro filme.

Mas nada disto está mal. Na verdade, se o Major Valentão, a Fátinha F., e tantos outros podem hoje passear impunemente pelas nossas praias, e ocupar cargos públicos que todos nós remuneramos sem oposição, porque raio não há-de o ilustre Vereador ter direito ao mesmo?

Este país está feito um verdadeiro freak-show, e nem sequer temos de pagar para tirar bilhete para assistir às novas atracções da feira!...