Friday, March 16, 2007

O sossego da Luz

Ontem foi um daqueles dias. Saí do trabalho eram já nove horas e meia. A temperatura estava agradável, pelo que aproveitei para jantar numa tasquinha prazenteira para os lados da Ajuda. As ruas estavam pacíficas. Não havia carros a buzinar, as pessoas tinham bom aspecto e o taxista que me levou ao meu destino era inesperadamente simpático. Uma vez que o Benfica jogava àquela hora no Estádio da Luz contra o Paris Saint Germain, comecei logo a tirar ilações sobre o ambiente positivo que se respirava na cidade. Assim, durante os 90 minutos em que o Benfica está em campo:

- A probalidade das pessoas que se cruzam connosco serem mais educadas aumenta, uma vez que os benfiquistas estão fechados em casa, no estádio ou no café a berrar a bandeiras despregadas pela sua equipa;

- Diminui drasticamente o número de entradas nas urgências por questões relacionadas com violência doméstica (o benfiquista apenas espanca a mulher depois do apito final);

- A probalidade de ser roubado numa viagem pelo taxista é menor. Os taxistas honestos são todos do Sporting, logo, trabalham à hora do jogo do SLB;

- Quem tiver uma queda para correr riscos desnecessários, pode apanhar o comboio da linha de Sintra ou passear nos belos jardins da Cova da Moura ou da Buraca sem problemas de maior (a não ser que o Mantorras seja suplente, o que tem acontecido frequentemente nos últimos tempos);

- Seis milhões de pacóvios esquecem-se, por uma hora e meia, da triste condição em que se encontra o país e sessenta mil nem se lembram de terem lerpado 10 contos para ver 22 idiotas atrás de uma bola na 2ª Divisão Europeia.

Depois, vem a ressaca. E voltamos ao mesmo de sempre.