Os librettos operáticos não costumam ser grandes obras de arte de um ponto de vista literário, mas por vezes há alguns que nos tocam. No séc. XVIII, Agostino Piovene escreveu o libretto e Vivaldi a música de Bazajet. E o texto não fica a dever nada ao engenho vivaldiano. Veja-se, por exemplo, a belíssima aria "quel ciglio vezzosetto". Quel ciglio vezzosetto,
ch'ispira grazie e amore,
quel labbro morbidetto
ferito ha questo cor,
né trova pace.
Esser non vò ingrato
ma sempre vò seguir
quel caro volto amato
che ogn'or mi fa languire,
il cor mi sface
Em português é algo como:
Esses olhos belos
inspiram ternura e amor,
e esses lábios suaves
feriram o meu coração,
que não mais encontrou a paz.
Não quero ser ingrato,
mas perseguirei sempre esse querido rosto
pelo qual sofro,
esse querido rosto
que me consome o coração.
Aconselho a gravação da Virgin Classics: Europa Galante sob a direcção de Fabio Biondi, com David Daniels - que tive o privilégio de ver o ano passado a cantar duetos de Purcell com a Magdalena Kozená na Gulbenkian; Ildebrando D'Arcangelo; Marijana Mijanovic (atenção a este nome!); Elina Garanca; Vivica Genaux e Patrizia Ciofi.
